Espaço e arquitetura no Metaverso
Autoria inicial: Júlia Ca|margo, Laís Cristiane e Pereira e Tayná Araújo
Metaverso pode ser utilizado para criar espaços que permitam a interação das pessoas em uma realidade virtual imersiva, permitindo a ampliação da experiência das pessoas nesse meio[1]. Algumas plataformas já desenvolvem “universos digitais”, nos quais são possíveis a compra de “terrenos no metaverso”[2], o que levanta discussões sobre a arquitetura e aspectos jurídicos, como a função social da propriedade no metaverso[3].
Espaço
O espaço pode ser compreendido como uma extensão limitada, incluindo suas dimensões, que pode conter algo ou ser uma extensão abstrata, indefinida[4].
As discussões sobre espaço não são recentes, e podem envolver, por exemplo, o ciberespaço, conceito introduzido por William Gibson (1984) no livro Neuromancer que permitiu caracterizar o ambiente virtualizado e utópico da internet.
O metaverso, enquanto um modelo virtual, acrescenta novas possibilidades e desafios ao tema, como os terreno virtuais, “territórios digitais” em que os usuários podem vagar pelo metaverso[5]. Recentemente, há estudos que buscam avaliar a possibilidade do metaverso ter espaços para a criação de laboratórios educacionais virtuais, como para cursos de áreas da engenharia e tecnológicas[6].
Espaço no metaverso
O metaverso, ideia trazida pela primeira vez em 1992 por Neal Stephenson, no livro Snow Cash, é um mundo onde as principais barreiras do design são removidas e os arquitetos possuem a possibilidade de desenvolver sem limites criativos encontrados no mundo analógico como estruturas, infraestruturas e gravidade. É o local onde os designers podem dar o próximo passo nas criações que a engenharia do mundo analógico não permite.
É um espaço para a criação de ambientes fantasiosos, labirínticos que possuem uma atmosfera de lugar sonhado e impossível, onde arquitetos, designers e artistas são capazes de aplicar o conhecimento obtido em anos de estudo para executar[7].
Arquitetura e Terrenos
Os terrenos no metaverso são pequenas porções de terra localizados em um dos diversos mundos descentralizados encontrados, como o Descentraland, Sandbox, Cryptovoxels. Os usuários podem adquirir uma porção de terra dividida em pequenos lotes com dimensões predeterminada, esses ambientes são comercializados através de NFT’s que determinam a propriedade e autenticidade do espaço.
Outra forma de compartilhamento de espaços é através de NFTS’s, sem a necessidade da compra de “LANDs”. Em espaços como o Monaverse, o usuário é capaz de criar seu próprio local e comercializar pelos marketplaces disponíveis.
Oportunidades para novos espaços no Metaverso
Muitas construtoras sediadas no mundo físico enxergaram na utilização da plataforma uma oportunidade ímpar para comercialização de imóveis reais – no mundo virtual, transformando-os em ambientes de negócios legítimos. Inclusive no mercado imobiliário brasileiro, algumas construtoras também investiram em negócios, como Cyrela e Tecnisa[8].
Um dos primeiros ambientes virtuais e tridimensionais, onde as construtoras iniciaram os investimentos foi na plataforma “Second Life”, lançada em junho de 2003 e desenvolvida por Linden Lab, a qual era acessada de forma gratuita pela internet e se caracterizou pela inovação da interatividade dos usuários[9].
Um dos exemplos mais conhecidos, conforme citado anteriormente, é o Decentraland. Este é um exemplo de metaverso em que os usuários podem comprar os terrenos, de 16 m². Ao todo, o Decentraland possui 90 mil terrenos, e em novembro de 2021, uma única transação de lotes se deu por US$ 2,4 milhões.
Assim, é possível não apenas a compra e venda de espaços, ou terrenos, no metaverso, como também o aluguel deles. Mas vale destacar, a título de curiosidade, que no Brasil, a legislação não considera as propriedades virtuais como imóveis, mas como a Receita Federal os enquadram como bens tributáveis, o contribuinte deve declará-los na categoria de tokens não-fungíveis (NFTs).
Referências
- ↑ Relatório “Metaverso, sítios 3.0 e a economia em mundos virtuais persistentes”. Disponível em: https://itsrio.org/wp-content/uploads/2022/12/relatorio-diVerso_metaverso-sitios3.0_Marlus-Araujo.pdf
- ↑ O que são terrenos no metaverso (e como comprar)? Infomoney. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/guias/terrenos-no-metaverso/
- ↑ SOBRAL, Larissa; CARVALHAES, Gabriel. Função social da propriedade no metaverso. 2022. Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/27074.
- ↑ Definição do dicionário Aulete. Disponível em: https://aulete.com.br/espa%C3%A7o
- ↑ O que é um terreno virtual no metaverso? Entenda por que eles já valem milhões de dólares. Disponível em: https://portaldobitcoin.uol.com.br/o-que-e-um-terreno-virtual-no-metaverso-entenda-por-que-eles-ja-valem-milhoes-de-dolares/
- ↑ SCHMITT, M. A. R.; TAROUCO, L. M. R. Metaversos e laboratórios virtuais – possibilidades e dificuldades. RENOTE, Porto Alegre, v. 6, n. 2, 2008. DOI: 10.22456/1679-1916.14577. Disponível em: https://www.seer.ufrgs.br/index.php/renote/article/view/14577. SCHLEMMER, Eliane; BACKES, Luciana. Metaversos: novos espaços para construção do conhecimento. Revista Diálogo Educacional, v. 8, n. 24, p. 519-532, 2008.
- ↑ SILVA, Júlia. Beyond: Além da arquitetura analógica, 2022.
- ↑ Construtoras investem milhares de reais em negócios no Second Life. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/mercados/construtoras-investem-milhares-de-reais-em-negocios-no-second-life/
- ↑ Souza, Bernardo de Azevedo. Metaverso e Direito - Desafios e oportunidades. Thompson Reuters Brasil, 2022.