Música no Metaverso

De diVerso: laboratório de estudos sobre o metaverso
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Autoria inicial: Cristina Alves

Em novembro de 2020, o rapper americano Lil Nas X atraiu mais de 34 milhões de visualizações ao se apresentar na plataforma de jogos de como o ‘Roblox’[1]. O  Lil Nas X Concert Experience teve ampla interação e sinalizou as oportunidades e desafios do metaverso enquanto plataforma para fãs, artistas, gravadoras e editoras consumirem música. Isso pode representar uma revolução na indústria musical, aos moldes do lançamento do iTunes e demais serviços de streaming no início dos anos 2000[2].

Histórico

Artistas sempre buscaram formas inovadoras de interagir com seu público. A banda Radiohead, por exemplo, como parte da divulgação do seu álbum ‘The King of Limbs’ em 2011, criou um aplicativo gratuito intitulado ‘PolyFauna’ que trazia elementos visuais para acompanhar a música ‘Bloom’ , emulando imagens imersivas de criaturas imaginárias[3].

A cantora islandesa Björk lançou um aplicativo homônimo para smartphones juntamente de seu álbum de 2011 ‘Biophilia’, para que seus fãs pudessem  ouvir as faixas acompanhadas por gráficos animados criados especialmente para ilustrá-las num formato de jogo, posteriormente  incorporado ao acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa) [4].

A plataforma digital Second Life é tida como um dos precursores  do que hoje se entende como metaverso, uma vez que, quando foi lançada em 2003, já trabalhava com o conceito de uma realidade virtual  povoada por avatares que emulam os comportamentos e anseios de humanos . Foi no Second Life  que uma usuária, pela primeira vez, lucrou um milhão de dólares com a venda de terrenos virtuais [5]. No lançamento oficial da plataforma no Brasil em 2007, a banda NX Zero fez uma apresentação para os usuários da plataforma, já indicando o potencial do metaverso para a indústria da música [6].

A partir de 2020, com as restrições impostas pela pandemia de COVID-19, plataformas como Roblox, Fortnite e Meta desenvolveram junto a grandes artistas performances exclusivas que utilizaram recursos de realidade virtual e aumentada para atrair novos públicos para esse novo ambiente digital [7].

Oportunidades

Monetização de música no metaverso

O metaverso pode abrir portas para novas formas de monetização da música, especialmente para artistas independentes que já propõem  o abandono de acordos tradicionais com gravadoras baseados no pagamento de um valor adiantado e pré-definido em contrapartida do artista reter uma pequena porcentagem das vendas e “royalties” do álvum. A nova proposta é a  adesão a um modelo onde o artista vende aos fãs a capa de um próximo álbum como uma NFT, por exemplo, junto  da promessa de repassar uma parcela dos royalties para eles (os fãs) e, assim, deixar os artistas com a maior parte dos lucros [9]. Um exemplo recente de uso dessa nova abordagem de comercialização de música foi o da banda The Chainsmokers que divulgou o álbum de 2022 intitulado ‘So Far So Good’, dando gratuitamente uma parte dos royalties do álbum para seus fãs através da plataforma de blockchain ‘Royal’ o que representa 1% dos royalties de streaming do álbum [10].

Gravadoras e Editoras de música no metaverso

A indústria da música parece dar passos para sua inserção na “próxima web”, liderada pelo exemplo da Warner Music Group [11] que, em parceria com a Sandbox, uma plataforma descentralizada de jogos virtuais, devem construir um espaço de eventos para concertos de artistas do seu catálogo que incluem Bruno Mars, Lizzo, Cardi B, Ed Sheeran e outros. Ou seja, trata-se da criação de um novo modelo de negócio  dentro do metaverso, permitindo que se cobre um valor por ingresso no show digital [10]. Já o rapper americano Snoop Dogg, após sua compra da Death Row Records, decidiu transformá-la na primeira gravadora com sede na web 3.0 com um modelo de negócio baseado no lançamento de artistas a partir do metaverso e auferindo lucros através do comércio de NFTs [12].

Experiências

Em agosto de 2022, a gravadora americana Capitol Records anunciou a contratação de seu mais novo artista: FN Meka, um rapper que existe na forma de um avatar 3D e tem suas rimas compostas por inteligência artificial, embora use a voz de uma pessoa não identificada [13]. O rapper foi criado pela Factory New, que se apresenta como uma gravadora virtual. Depois de receber críticas alegando insensibilidade, apropriação cultural e uso de estereótipos da comunidade negra, a  Capitol Records rescindiu o contrato de parceria com a Factory New e se desculpou pelo incidente [14].

Referências

  1. Canaltech. Sucesso no Roblox: show de Lil Nas X recebe mais de 30 milhões de pessoas. 17 de novembro de 2020. Disponível em: <https://canaltech.com.br/entretenimento/sucesso-no-roblox-show-de-lil-nas-x-recebe-mais-de-30-milhoes-de-pessoas-174797/>
  2. Discover Music. The Digital Music Revolution: From The MP3 To Music-Is-Free. 22 de outubro de 2022. Disponível em: <https://www.udiscovermusic.com/stories/digital-music-revolution/>
  3. Pitchfork. Okay, Computer: Exploring Radiohead's New App. 11 de fevereiro de 2014. Disponível em: <https://pitchfork.com/thepitch/243-okay-computer-exploring-radioheads-new-app/>