O Trabalho e o Metaverso: mudanças entre as edições

De diVerso: laboratório de estudos sobre o metaverso
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🏆 Este verbete foi o campeão da 2ª Editatona do diVerso! Parabéns para as autoras! =)🏆
  Autoria inicial: Lia Yumi Morimoto e Thais Aya Morimoto
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[[Arquivo:Ilustração Metaverso.png|miniaturadaimagem|Ilustração com a palavra metaverse estilizada. Embaixo das letras, há desenhos de pessoas simulando que estão dentro do metaverso, como um homem participando de conferência virtual com óculos de VR e um homem dançando.]]
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Edição atual tal como às 17h09min de 16 de março de 2023

🏆 Este verbete foi o campeão da 2ª Editatona do diVerso! Parabéns para as autoras! =)🏆
Autoria inicial: Lia Yumi Morimoto e Thais Aya Morimoto
Ilustração com a palavra metaverse estilizada. Embaixo das letras, há desenhos de pessoas simulando que estão dentro do metaverso, como um homem participando de conferência virtual com óculos de VR e um homem dançando.

O metaverso é um ambiente virtual compartilhado onde as pessoas podem interagir e se comunicar por meio de avatares personalizados[1]. Entre as várias nuances e possibilidades desse universo virtual, o amplo uso pelo mundo corporativo é uma das apostas para o futuro, talvez próximo, talvez distante[2]. Embora ainda não seja possível definir uma data para que os ambientes de trabalho comecem a adotar o metaverso, empresas de tecnologia ao redor do mundo, como a Microsoft, já investem na criação de plataformas interativas e imersivas que atendam as demandas do mundo corporativo[3]. Porém, como todas as apostas de alto risco, os investimentos passam por altos e baixos. Ademais, como um mundo virtual em desenvolvimento e manutenção, além de investimento, o metaverso necessita de tempo e trabalho.

Histórico

Mesmo que o trabalho no metaverso e o trabalho realizado por meio de telefonemas, e-mails, mensagens de textos e videoconferências sejam diferentes, entender como ocorreu a evolução do teletrabalho pode ajudar na compreensão do estágio atual de discussões sobre o trabalho que poderá ser realizado no ambiente virtual do metaverso.

Na década de 1990, o governo norte-americano testou um projeto piloto de teletrabalho. Naquela época, os telefones celulares digitais ainda estavam surgindo, assim como a World Wide Web com seu primeiro navegador oficial. Com a rápida evolução dos meios de comunicação, em 1995, cerca de 9% dos trabalhadores dos Estados Unidos (EUA) trabalhavam em casa com certa regularidade, segundo a GALLUP, empresa de pesquisa de opinião[4].

Nos anos 2000, os modelos de trabalho virtual cresceram com o desenvolvimento dos dispositivos móveis em formato smartphone e o começo da venda das webcams para os computadores. Além disso, o nascimento de ferramentas de comunicação remota como o Skype[5], em 2003, revolucionou o teletrabalho, ao permitir que usuários fizessem chamadas de voz e de vídeo.

Nesse mesmo ano, surgiu um dos primeiros exemplos de trabalho em um mundo virtual interativo, na plataforma Second Life[6]. Além de permitir a compra de terrenos virtuais, ela foi usada pelo meio corporativo para realizar reuniões, treinamentos e entrevistas de emprego por meio de avatares que representavam as pessoas. Contudo, vários fatores contribuíram para a redução do uso da plataforma com o passar dos anos, como a falta de ética, de acessibilidade e de segurança[7]. Atualmente, a plataforma ainda existe, porém ela não é mais tão usada quanto antigamente.

Outras tentativas surgiram para trazer o trabalho corporativo ao meio virtual imersivo. Com a pandemia de COVID-19, que começou no fim de 2019 e teve seus picos em 2020 e 2021[8], o trabalho remoto se fez necessário em diversas áreas, dada a necessidade de quarentena e distanciamento social para conter a propagação da doença[9]. Esse contexto colaborou para que as empresas investissem em tecnologias, como equipamentos de realidade virtual (VR) e de realidade aumentada (RA), para o desenvolvimento do metaverso corporativo, que pode ser visto como uma forma de tornar a experiência dos usuários mais imersiva e aumentar a produtividade do trabalhador.

O trabalho no desenvolvimento e na manutenção do metaverso

Definição

Para o desenvolvimento e a manutenção do metaverso, são necessários profissionais de diferentes áreas de conhecimento especializado. Novas relações e formas de trabalho devem surgir, assim como profissões irão se adaptar para se inserir no mercado em ascensão[10]. Profissões que ainda nem existem devem aparecer para suprir toda a demanda que será criada, assim como novos centros de formação específicos para cada área.

As profissões dos bastidores do metaverso

Normalmente, os trabalhadores que atuam no desenvolvimento e na manutenção do metaverso são da área da tecnologia. Eles são os responsáveis por manter os bastidores do metaverso, atuando na construção das bases para as experiências dos usuários. Profissionais que já trabalham com realidade imersiva devem se destacar ainda mais[11].

Os desenvolvedores de software, por exemplo, são responsáveis por criar o mundo digital. Todos os programas de computadores, sistemas operacionais e aplicativos de celulares são construídos por eles[12]. Portanto, esses profissionais serão essenciais na construção e na manutenção do metaverso.

Na lista abaixo, estão algumas outras profissões que devem se destacar na área de tecnologia e que atuarão nos bastidores do metaverso:

O metaverso como local de trabalho

Definição

Embora o termo não seja amplamente conhecido pelas pessoas e não haja consenso no seu uso, a era de trabalho virtual no metaverso pode ser chamada de home office 2.0[13], expressão que surgiu no meio da pandemia de COVID-19 para designar as novas relações de trabalho estabelecidas e que estão sendo criadas com os avanços do metaverso. Nesse âmbito, surge o metaverso corporativo, que é pensado e criado para fins de trabalho no universo virtual. Mas, os ambientes virtuais e imersivos que já existem e que não foram inicialmente criados com a função principal de atender o meio corporativo também podem ser usados como ambiente de trabalho, como os jogos. De qualquer forma, utilizar o metaverso como local de trabalho tem potencial para trazer diversos benefícios e, ao mesmo tempo, desafios.

Os benefícios para o trabalhador home office

Como um ambiente altamente imersivo, o metaverso pode auxiliar na redução dos custos do escritório, no aumento da flexibilidade e no encurtamento de distâncias entre pessoas que estão em locais diferentes[14]. Além disso, uma pesquisa realizada pela Lenovo[15] revelou que 44% dos colaboradores acreditam que o espaço imersivo pode aumentar a produtividade e a agilidade dos trabalhadores.

Homem de terno usa óculos VR e simula o trabalho de análise de gráficos no mundo virtual.

Nos moldes do trabalho remoto consolidados atualmente, baseado muitas vezes em reuniões por videoconferência e trocas de ideias por mensagens de texto, profissionais podem ser assolados pelo sentimento de solidão, o que pode afetar a saúde mental e a produtividade.

Além disso, o home office pode ser estressante. Essa foi uma das conclusões de uma pesquisa realizada pela Instituição Beneficente de Saúde Nuffield Health[16]. Segundo o estudo, quase um terço dos trabalhadores remotos do Reino Unido estava enfrentando dificuldades em separar a vida doméstica da vida profissional, com mais de um quarto achando difícil se desligar do trabalho quando o horário do expediente acaba.

Trabalhadores que fazem seus serviços em casa, então, seriam beneficiados pelo metaverso, que é capaz de proporcionar experiências visuais e sensoriais que fazem a pessoa ter o sentimento de que está do lado dos colegas[17]. Ademais, os locais de trabalho virtuais podem fornecer uma melhor demarcação entre a vida doméstica e profissional, criando a sensação de entrar no local de trabalho todos os dias e depois sair e se despedir dos colegas quando seu trabalho terminar.

As profissões que usarão o metaverso como local de trabalho

Embora ainda seja difícil prever quais profissões usarão o metaverso como local de trabalho, algumas áreas já estão explorando esse universo virtual como possibilidade e auxílio no exercício da profissão. Marcas e empresas também exploram o ambiente como uma ferramenta de lucratividade.

Ao contrário daqueles que atuam na criação e no desenvolvimento do metaverso, os profissionais que usam o metaverso como ambiente de trabalho, estão mais focados na interação com outros usuários e em proporcionar experiências mais interessantes e envolventes. Contudo, é possível que a mesma profissão consiga trabalhar tanto nos bastidores do metaverso como diretamente no ambiente imersivo, usando ele como local de trabalho.

Um dos exemplos que pode ser mencionado é o influenciador avatar, que já pode ser visto em propagandas de marketing de marcas famosas, como a Lu, do Magazine Luiza, a influenciadora avatar mais bem sucedida em 2022[18]. Porém, por trás desse sucesso e da criação deles, existem pessoas reais que trabalham na gestão e na atuação de cada um. Influenciadores digitais, como o youtuber brasileiro Lucas Rangel, também já estão investindo em avatares que representam sua identidade no metaverso[19].

Na lista abaixo, estão outras profissões de variadas áreas do conhecimento que poderão ser bastante requisitadas no metaverso, tanto para o trabalho nos bastidores, quanto no ambiente imersivo em si:

As áreas de trabalho que serão afetadas pelo metaverso

É possível separar as profissões que usarão o metaverso para o trabalho nas suas respectivas áreas de atuação. No âmbito geral, ainda é cedo para afirmar que todos os campos de conhecimento ingressarão no metaverso, mas algumas áreas já estudam as possibilidades e as diferentes formas de aproveitar o que o ambiente interativo e imersivo tem para oferecer. 

Saúde

Médicos com óculos de realidade virtual visualizam um holograma de esqueleto.

Na área da saúde, o metaverso pode ser utilizado como ambiente de treinamento para os profissionais, ou seja, um espaço para que eles pratiquem antes de atuarem no ambiente real. Ademais, o metaverso pode ser usado na parte clínica, para atendimento de pacientes que moram em locais com acessibilidade médica limitada. Também é possível utilizar o mundo virtual para troca de conhecimentos entre profissionais de diferentes países[20].

Arquitetura e design

Na parte de arquitetura e design, o metaverso pode ser usado para criar ambientes virtuais e 3D, permitindo que os profissionais visualizem e testem seus projetos antes de construírem no ambiente real. Essa seria uma forma de garantir a maior satisfação do cliente[21].

Educação

Na educação, já existem salas virtuais na plataforma de jogo Roblox, com professores e alunos. No ambiente, os alunos podem, por exemplo, visualizar algo que o educador queira mostrar, mas a comunicação continua a ocorrer no mundo real. Mesmo sem ser considerado um ambiente completamente no metaverso, essas salas virtuais revelam um pouco do potencial educacional do aprendizado virtual. No metaverso, os alunos terão oportunidades de revisitar locais do passado que deixaram de existir há muitos anos ou fazer testes que não poderiam ocorrer na vida real por causa do perigo ou da exigência de materiais específicos, o que aumentará o interesse e o engajamento dos estudantes[22].

Um futuro de possibilidades

Além dessas áreas, outras profissões também devem utilizar o ambiente imersivo e virtual para facilitar a rotina e tornar a experiência das pessoas ainda melhores.

É possível ver outras áreas que serão afetadas pelo metaverso na lista abaixo:

  • Comunicação;
  • Engenharia;
  • Entretenimento;
  • Moda;
  • Recursos humanos.

Gamificação do trabalho no metaverso

Definição

A gamificação — termo que vem do inglês gamification — é utilizado para se referir ao uso de mecânicas e características de jogos em situações fora dos games para engajar, motivar comportamentos e estimular o conhecimento e o aprendizado das pessoas[23]. No contexto do metaverso, a gamificação pode ser usada como uma forma inovadora de treinamento em empresas, sendo um aliado para o meio corporativo[24].

Além disso, em um ambiente de trabalho no metaverso, as metas e as tarefas podem ser definidas como desafios, com recompensas e conquistas personalizadas para cada um dos empregados. Contudo, é necessário estabelecer novos limites legais e éticos, para que não haja exploração e nem manipulação de funcionários.

A gamificação e o marketing

Homem usa óculos de realidade virtual e visualiza, por meio do equipamento, desenhos como troféu, videogame, foguete, livros, moeda, avião de papel e coração

Algumas empresas já estão usando o metaverso para propagar a própria marca por meio de descontos, bonificações, brindes e outros incentivos aos consumidores que fizerem as atividades propostas pela marca em jogos do ambiente interativo e imersivo. A Nike, por exemplo, lançou o Nikeland, o seu próprio mundo virtual inspirado no metaverso. Criado dentro do jogo Roblox, os avatares usam produtos da marca e podem praticar esportes[25]. No contexto, uma das formas de monetização é também a venda virtual de roupas para vestir os avatares. Esse processo já é comum em jogos digitais como em League of Legends, em que é possível comprar roupas para os personagens, o que faz sucesso entre os jogadores[26].

Além disso, é possível que a gamificação seja usada para coletar dados e informações sobre os consumidores e suas preferências, algo que já ocorre hoje na internet, com os dados de ferramentas de busca e de perfis de comportamento. Assim, as campanhas de marketing seriam aprimoradas e personalizadas para cada um.

Para essa gamificação e o marketing no metaverso, os trabalhadores pensam em novas estratégias e consigam atender as demandas das marcas e dos consumidores no metaverso.

O metaverso, a inteligência artificial e o trabalho colaborativo

Com o aprimoramento das inteligências artificiais (IAs) e do metaverso, alguns especialistas no assunto afirmam que os colegas de trabalho no metaverso não estarão limitados a avatares que representam pessoas reais, mas também a robôs semelhantes a seres humanos, com alto grau de complexidade[27]. Se bem planejado e utilizado, esses robôs poderão atuar como conselheiros e assistentes, executando as tarefas mais pesadas.

Os desafios e os perigos do trabalho no metaverso

Tal como em qualquer ambiente de trabalho, o metaverso apresenta riscos e desafios a serem enfrentados para que os trabalhadores se sintam seguros ao usar o mundo virtual como local de trabalho. Cientes de vários problemas e perigos, as empresas responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia já estão atuando para melhorar as interações e tornar o metaverso confiável e saudável para os trabalhadores. No entanto, as próprias plataformas enfrentam desafios e problemas na construção e no desenvolvimento das tecnologias necessárias.

Projeto de longo prazo e grande investimento

Por ser uma tecnologia que ainda está nos estágios iniciais de desenvolvimento, ainda há necessidade de mais tempo e investimento para o metaverso gerar retornos financeiros.

Quatro personagens usam diferentes dispositivos de realidade virtual.

Com o fim da pandemia de COVID-19, parte das pessoas retornou ao trabalho presencial e ao convívio social. Assim, a necessidade de ter um ambiente digital que pudesse proporcionar essas experiências virtuais foi reduzido[28]. Grandes empresas de tecnologia começaram a migrar seus esforços para áreas que pudessem trazer um retorno financeiro mais rápido, como a inteligência artificial[29].

Uma dessas empresas foi a Microsoft. Em fevereiro de 2023, a gigante da tecnologia anunciou o fim do projeto que buscava incentivar o uso do metaverso em ambientes industriais. A equipe do projeto havia sido formada com o objetivo de trabalhar na construção de interfaces de software que poderiam ser utilizadas no metaverso[30].

A empresa Meta, empresa dona do Instagram, Facebook e WhatsApp, que apostava alto no metaverso, também colocou em segundo plano o desenvolvimento do ambiente virtual[31]. A medida ocorreu após a empresa perder bilhões de dólares com as investidas no metaverso, visto que a intenção da Meta em investir tanto no metaverso estava desanimando parte dos investidores[32]. A empresa anunciou que vai investir, assim como a Microsoft e outras empresas, em inteligência artificial.

Saúde mental dos trabalhadores

Mesmo que possa proporcionar experiências imersivas, o metaverso não é capaz de substituir as interações e a vida real por completo. Ao ficar muitas horas conectado nele corre-se o risco de perda da verdadeira identidade e causar confusão mental[33].

A criação de avatares para representar o indivíduo no ambiente virtual também poderá trazer impactos negativos na autoestima dos trabalhadores, pois é possível que as pessoas escolham criar uma versão idealizada e “perfeita” de si. Os avatares, então, poderiam modificar a visão que o indivíduo tem de sua aparência e intensificar distorções existentes[34].

Saúde física dos trabalhadores

Profissionais que trabalharem no mundo virtual do metaverso poderão sofrer riscos em relação à saúde e à segurança do trabalho, com o uso, por exemplo, de equipamentos para o acesso ao ambiente de trabalho virtual. A utilização incorreta ou por tempo prolongado de fones de ouvido VR poderá prejudicar a audição do trabalhador. Ademais, o uso de óculos VR por longos períodos poderá causar fadiga ocular e dores de cabeça ou pescoço. Também é possível que os trabalhadores tenham lesões por esforço repetitivo por causa da manipulação de teclado, mouse e controle por tempo prolongado[35].

Exclusão digital

Para entrar no ambiente imersivo do metaverso é essencial ter conexão com a internet[36]. Dessa forma, ao usar o metaverso como ambiente de trabalho, empresas podem colaborar para que a desigualdade social aumente. Segundo dados de setembro de 2022 da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de um terço da população mundial nunca teve acesso à internet[37]. Se nada for feito, essas pessoas podem também ser excluídas do metaverso e, consequentemente, das possibilidades de trabalho nesse ambiente virtual.

Cientes desse problema, o Movimento Black Money, em parceria com a Meta, fez a iniciativa “Construindo o Futuro Digital no Metaverso”[38], que busca apresentar oportunidades que se encontram no metaverso e capacitar adolescentes e adultos de comunidades minorizadas ou que estão em situação de vulnerabilidade. Embora essa tenha sido uma proposta pontual de oferecer cursos no primeiro semestre de 2023, a tendência é que empresas e instituições lancem novos projetos para diminuir a exclusão digital.

Privacidade

Empresas que utilizarem o metaverso como ambiente de trabalho também precisarão se preocupar com a privacidade de seus funcionários. De acordo com uma pesquisa feita pela ExpressVPN[39], nos EUA, publicada em 2022, aproximadamente 53% dos funcionários entrevistados contaram que possuem a impressão de que são vigiados pelos seus empregadores. Por outro lado, cerca de 73% dos empregadores relataram que realmente monitoram as atividades dos trabalhadores de sua empresa. Portanto, esse é um dos âmbitos a ser analisado pelas empresas que desejam migrar parcial ou totalmente suas atividades para o metaverso, pois nesse ambiente, há ainda preocupações com a extração de dados pelas empresas detentoras da tecnologia.

Segurança digital

Assim como a privacidade dos trabalhadores é uma das preocupações quando se fala em metaverso, a segurança dos funcionários também apresenta nuances. Crimes cibernéticos, como assédio e importunação sexual, no metaverso já foram relatados por diferentes usuários[40]. Além desses crimes, outras ameaças à segurança digital no metaverso são:

  • Ataque de phishing;
  • Cyberbullying;
  • Fraude financeira;
  • Malware;
  • Roubo de identidade virtual no metaverso.

Para evitar essas ameaças, as empresas que estão desenvolvendo o metaverso devem utilizar recursos, como a criptografia de dados. Formas de identificação dos criminosos também devem ser desenvolvidas para que os crimes no ambiente virtual imersivo sejam evitados. Contudo, ainda é difícil prever se os criminosos realmente serão punidos.

Falta de regulamentação

O mundo físico do trabalho é regulado por marcos legais nacionais. Cada país tem suas próprias leis e regras trabalhistas, dificultando a regulamentação do trabalho no metaverso[41], dado que o mundo virtual pode unir pessoas de diferentes países no espaço que não pertence a nenhum país.

Contudo, existem regulamentações que podem ajudar. O Brasil é um dos vários países que já mudou o critério de territorialidade para definir qual legislação o trabalhador e o empregador devem seguir. Antigamente, o trabalhador que estivesse prestando serviços temporariamente em outro país estaria sujeito às leis trabalhistas do local onde estivesse. Em 2009, a lei foi alterada e o princípio de territorialidade deixou de valer. Em benefício ao trabalhador, a lei que vale é a que for mais favorável para ele[42].

Mesmo assim, é necessário desenvolver uma nova regulamentação conjunta para o espaço, o que não é simples, visto que o metaverso ainda está em desenvolvimento e não se sabe por completo quais serão o alcance e todas as formas de trabalho que poderão surgir nele. Dessa forma, a segurança digital é um dos pontos que também preocupa especialistas em segurança cibernética.

Remuneração do trabalho

Para quem exerce alguma profissão dentro do metaverso, as formas de remuneração ainda são uma questão em desenvolvimento.

As criptomoedas do metaverso, como o Decentraland (MANA), que pertence ao universo virtual construído na blockchain do Ethereum (ETH) podem ser uma das opções para pagamento dos trabalhadores[43]. Essas moedas virtuais podem ser usadas dentro do ambiente do metaverso, como compra e venda de terrenos virtuais. As criptomoedas que não pertencem ao contexto do metaverso também podem ser usadas para o pagamento dos serviços realizados no ambiente interativo e virtual de forma geral.

Também existe a opção do pagamento ocorrer por meio de dinheiro real de algum país, mesmo que o trabalho seja realizado no metaverso. Essa opção é mais adequada para países como o Brasil, onde legalmente o salário deve ser pago em moeda corrente, de acordo com o que determina a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)[44].

Verbetes relacionados

Referência Bibliográfica

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  37. ONU News. Crescimento da internet desacelera e 2,7 bilhões ficam fora da rede. 16 de setembro de 2022. Disponível em: <https://news.un.org/pt/story/2022/09/1801381#:~:text=Ao%20todo%2C%20existem%205%2C3,da%20pandemia%20de%20Covid%2D19.>
  38. Luiz Gustavo Pacete. Black Money e Meta lançam iniciativa para inclusão no Metaverso. 09 de fevereiro de 2023. Disponível em: <https://forbes.com.br/forbesesg/2023/02/black-money-e-meta-lancam-iniciativa-para-inclusao-no-metaverso/>
  39. ExpressVPN. Pesquisa: O medo da vigilância no trabalho dentro do metaverso. 08 de agosto de 2022. Disponível em: <https://www.expressvpn.com/pt/blog/pesquisa-o-medo-da-vigilancia-no-trabalho-dentro-do-metaverso/>
  40. João Pedro Malar. Crimes no metaverso? Conheça os principais tipos e as punições legais. 18 de janeiro de 2023. Disponível em: <https://exame.com/future-of-money/crimes-no-metaverso-conheca-os-principais-tipos-e-as-punicoes-legais/>
  41. Luana Nunes. Como são as leis trabalhistas dentro do metaverso?. 25 de fevereiro de 2022. Disponível em: <https://gizmodo.uol.com.br/como-sao-as-leis-trabalhistas-dentro-do-metaverso/>
  42. Raquel Cavalcante. Relação de Emprego do Trabalho Fora do Brasil e o Conflito de Leis Trabalhistas no Espaço. 2017. Disponível em: <https://quelcavalcs.jusbrasil.com.br/artigos/454205195/relacao-de-emprego-do-trabalho-fora-do-brasil-e-o-conflito-de-leis-trabalhistas-no-espaco>
  43. Mariana Maria Silva. Criptomoedas do metaverso voltam a chamar a atenção de investidores e disparam até 137%. 17 de janeiro de 2023. Disponível em: <https://exame.com/future-of-money/criptomoedas-do-metaverso-voltam-a-chamar-atencao-de-investidores-e-disparam-ate-137/>
  44. João Pedro Malar. Pagamento em criptomoeda: saiba se é possível receber o salário em bitcoin. 07 de dezembro de 2021. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/business/pagamento-em-criptomoeda-saiba-se-e-possivel-receber-o-salario-em-bitcoin/>